segunda-feira, 18 de abril de 2011

sobre o amor

É preciso habitar a solidão -
ver o relevo das crises sanadas;
fundo escavar na razão as camadas,
volvendo toda a poeira do chão.

É preciso habitar a solidão -
banhar-se nas águas do mesmo rio;
sentir toda a resistência do frio,
cortando com os pés o turbilhão.

Pode então esse amor tornar-se vão
quando não só a ferro e fogo queima?
Contudo, pode contra tudo e teima
só sendo, encantamento e construção.


3 comentários:

o choro da formiga disse...

O nosso amor é um banho de rio
que, caudaloso, beija os pés da gente.
Gargalos, sumidouros e correntes
passam distantes das águas que guio.

Controlo o fluxo que já nos acolhe,
amanso do rio a força no leito.
Sou um corixo lento que em sede escolhe
que água engole pro fundo do peito.


-

Rafa, não há pedras com limo pra tropeçar, nem vagas pra se perder. Só uma água cristalina pra gente deixar nos beber.

lindo teu poema, como todas as suas letras. É um passaporte pra imagens vivas.

Passarinho disse...

'só não me venha mais com amor...'

Ingrid Crespo disse...

Viver ser amor, não existe lei além dá lei do próprio amor. Malemolência para fluir. Um afeto azul por vocês dois. Melhor ser amor-poesia sempre!
Beijo
Din.

raso

qual atalho, uma curva pro caminho do sossego - mas no fundo é raso; água bate no joelho nada - não é nada nunca foi tão fácil contud...