É isso. Não olharei, viverei o resto de minha vida de olhos fechados. Melhor não enxergar. Se é para ser assim, que assim seja feito. Quando? Ao meu sim, não! Só pode ser por ter sido assim, cedo. Nada, nada, nada. Ir para longe dentro de mim. Prefiro. Sentir tudo com outras possibilidades: apalpar, escutar, gostar, usar os pés, ouvir, ouvir, ouvir. Escutar essa voz interna que me diz muito mas que muitas vezes não entendo, fazer entender a mim mesma o que não compreendo. Shu! Agora é calar, também não mais falar, completar a saida do lugar comum. Shu! ... ! Shu! ... ! O calor da luz do abajur cria sombras em minha alma, estou ligada aquilo que acho ser minha alma; minha, eu. Miau! Miau! Feiticeira roça seus pêlos entre minhas pernas jogadas pelo chão e se aconchega em meu colo. Não a chamarei mais de Feiticeira, não. Se chamará agora pêlos que acariciam minhas pernas, carícia, amor; o que você quer? penso. Carinho. Inverno, frio. Primavera, não sei. Verão, calor. Outono, não sei. Quando não é a coisa clara do frio, são as folhas que se aventuram e resolvem fazer música pelo chão. Quando não é a coisa clara do calor, são as flores que desabrocham e cospem seus frutos pelo chão. Eu sinto frio, barulho das folhas, gosto de fruta e gozo: calor. Com meus pés no chão, meu corpo que desce aos poucos, muito aos poucos e se integra a terra, adubar e fazer nascer, ajudar ser comida, ser devorada pela necessidade de vida. coragem. Coragem. CORA e Agem. Vagem.
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