terça-feira, 28 de dezembro de 2010

o faroleiro - II

Desde ontem, como que o dedo fisgado por um anzol, tenho sentido umas pontadas no coração. Não sou jovem tampouco idoso, navego nas águas lúcidas de quem já chegou a um determinado momento da vida em que já começa a aceitar determinadas cosias e não querer outras, vejam bem: não querer não significa rejeitar ou não aceitar, é só não desejar confusão ou evitar de trilhar caminhos demasiadamente tortuosos. Já passei por muita porta pequena, prefiro hoje a solidão desta ilha. Observo do alto da torre aqueles que seguem para o fim e muitos outros que retornam ao cais na esperança de ainda encontrarem esposas e filhos. Já não espero tanto, acho que já nem espero, na verdade não passa mais pela minha cabeça qualquer possibilidade de espera; apenas fico e ou ando ao redor. Não é com pesar que exponho todas essas reflexões, qualquer um veria o quanto não me importo com essa história de felicidade ou tristeza. Tenho apenas que ajeitar os espelhos, averiguar os refletores e as lentes. Tenho também que verificar constantemente o barômetro para saber exatamente que classe de luz acionarei e se será necessário ligar o aviso sonoro na casa de ronca.



4 comentários:

Adriana Godoy disse...

Rafael, que sua ilha possa sempre ser iluminada. Um ano novo cheio de magia e luz. Beijo

Rafael R. V. Silva. disse...

Oi, Adriana!!! É sempre bom receber a sua visita por aqui. Um 2011 com tudo de melhor, cheio de felicidade e amor!!! beijão.

o choro da formiga disse...

Boas ondas pro teu mar, pra refletir sua luz de farol!

Joana Rabelo disse...

É isso... "Ajeitar os espelhos" sempre. Lindo.

raso

qual atalho, uma curva pro caminho do sossego - mas no fundo é raso; água bate no joelho nada - não é nada nunca foi tão fácil contud...