sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

glória - 8

tendo o rosto retorcido por conta dos soluços, glória adentrou a cozinha de sua casa procurando por um copo, abriu a geladeira e retirou uma garrafa de vinho que ao invés do líquido original encontrava-se preenchida por água mineral. o corpo todo reagia aos espasmos involuntários do diafragma. assim que encheu o copo com a água gelada, a garrafa escorregou e acabou caindo no chão - o soluço passou na hora. por sorte, o objeto quebrou apenas em sua base, glória pegou uma sacola debaixo da pia e recolheu a cativa e antiga garrafa d'água, passando em seguida um pano velho e desbotado pelo chão, secando o aguaceiro derramado com o acidente. ainda mantinha junto ao braço esquerdo o pacote com sete pães do tipo francês, ao levantar com o pano molhado deixou escapar um dos pães que estava sem bico – glória tinha mania de comprar um pão a mais para poder comê-lo no curto trajeto entre a padaria e a casa.
minha filha, faça as coisas com calma. - graça, ao perceber aflição da filha, ajudou-a com os pães depositando-os sobre a mesa: você demorou tanto que resolvi tomar café com as bolachinhas que costumo fazer farofa.
ai, mãe! desculpa! é que aproveitei e fui a casa do marcelo, queria conversar com d. noely sobre a samambaia.
e aí, o que ela disse?
ah! é que a samambaia não está doente não, está se reproduzindo, essas manchinhas são poros, soros... uma coisa assim. o importante é saber que ela está ótima! - lavou as mãos na pia com o detergente e em seguida bebeu a água do copo num só gole; tentava dessa forma escapar de outras perguntas sobre o período em que esteve fora de casa.



2 comentários:

o choro da formiga disse...

oba! Glória voltou! Adoro as descrições da vida dela. Das manchinhas da samambaia ao fundo da garrafa quebrado. Gosto muito mesmo de saber da vida dela.

D. Noely deve ser ótima pra se fazer visitas.

Ah, eu acho que a farofa de bolachinhas é uma boa pedida pra ceia de ano-novo...


na espera por capítulos a mais.

Joana Rabelo disse...

o amor é lindo. Não é mesmo minha gente?

raso

qual atalho, uma curva pro caminho do sossego - mas no fundo é raso; água bate no joelho nada - não é nada nunca foi tão fácil contud...