quinta-feira, 23 de setembro de 2010

os três anões do bosque

As palavras sumiram dos meus lábios, sempre quando tento falar, sapos pulam garganta a fora. Tirei uma resolução, de maneira que eu pudesse evitar com que o banheiro virasse um grande brejo, resolvi não mais emitir qualquer som através da boca. Há sapos por todos os cantos, dentro da privada são uns 10, na banheira uns 500, outros 30 dividem o chuveirinho do bidê... tamanhos variados, jogam suas línguas caçando mosquitos.

Maldito dia em que invejei minha irmã, maldito dia! Pensando bem... muito melhor estou eu, redimida de minha inveja e longe da mira da flecha cruel dos que a lançam em fúria. Convenhamos... Muito melhor estou eu cuspindo sapos, bem pior deve estar a minha irmã Florência – a dor na garganta toda vez que escarra moedas. Prefiro ficar só com o coaxar dos meus anfíbios do que rodeada daquele monte de gente puxando papo só para tirar uns mísero tostões dos seus soluços.

Há tantos desses bichinhos asquerosos sendo engendrados em minha barriga que impossibilitam os arranhos da fome em meu estômago.Venha eu sentir a contração do órgão vazio, o mais gordo deles que houver trato logo de colocar de volta para dentro.


(continua)


Um comentário:

o choro da formiga disse...

ainda ouvindo os coaxares...

Espero o "continua" já!

raso

qual atalho, uma curva pro caminho do sossego - mas no fundo é raso; água bate no joelho nada - não é nada nunca foi tão fácil contud...