terça-feira, 13 de outubro de 2009

domingo no cinema - como desenhar círculos perfeitos

quem espera alguém não se oculta num canto qualquer do café.

uma pena não fumar, poderia ir lá pra fora fazer hora.

mas não... compro uma fatia de bolo e um expresso só pra ter o que fazer. e quando acabar?

ainda faltam duas horas para começar o filme.

como o último pedaço do bolo de chocolate e dou a última golada na bebida; vejo o fundo branco manchado da xícara.

olho o horário da sessão no bilhete, depois procuro alguma coisa olhando através da porta de vidro, pego o celular e finjo ter recebido uma mensagem. ensaio um sorriso. guardo o aparelho no bolso lateral direito da calça jeans.

a ideia era ficar só, mas acabo me sentindo acompanhando entre tantos, compartilhando uma espécie de solidão coletiva. todos exercendo o desengajamento emocional através do ritual tecnológico contemporâneo... nem sei exatamente o que isso quer dizer - li num livro antes de chegar aqui. mas as ações são muito parecidas, uma dança muda, um teatro mudo,uma história sobre isolamentos isolados. desinsolação. não há tristeza, não há melancolia, nem alegria... é um ponto final, uma mente vazia sem misticismos.

deix'eu chover.




2 comentários:

Victor Moraes, disse...

Dizem que 'a solidão apavora'. Mas nada melhor pra observamos com olhos mais atentos o que está ao nosso redor ...e como nos tornamos parecidos com aquilo.

Adriana Godoy disse...

Rafael, a gente facilmente se identifica com esse texto. Uma solidão falsamente compartilhada. A espera. O celular insuportavelmente presente. Tão bonito, tão triste, tão real. Beijo.

raso

qual atalho, uma curva pro caminho do sossego - mas no fundo é raso; água bate no joelho nada - não é nada nunca foi tão fácil contud...