terça-feira, 23 de junho de 2009

glória - 5

como se tirassem canções de realejos, os dois mexiam as colheres em suas respectivas xícaras; adocicavam a bebida, glória provou um pouco. com a mão esquerda afastou os cabelos que tocavam os lábios: lembrei de uma coisa. sua avó uma vez me falou que a gente só se apaixona para valer uma única vez, aquela paixão mesmo, aquela coisa avassaladora... na época eu vivia grudada contigo e todo mundo achava que tínhamos alguma coisa; tínhamos mesmo, mas nunca falamos para ninguém, tampouco assumimos para nós mesmos. achávamos que era um segredo, mas todo mundo sabia. confesso que sempre rememoro aquela conversa com sua avó. quase todo dia ela vem a mim, principalmente quando estou de frente para o espelho penteando os cabelos, ela vem e repete tudo com as mesmas palavras. você foi o meu primeiro, tenho medo de que os outros tenham sido uma procura, uma vontade de te achar neles.
é, glória, nada melhor do que um café quentinho bem passado e forte para esquentar a memória. estou gostando de te ouvir. e, realmente, hoje você tá que tá. - marcelo, que estava de pé, pegou o banquinho que segurava a porta de serviço, posicionou ao lado de glória e sentou.




3 comentários:

Adriana Godoy disse...

Que delícia essas descobertas, essa relação de Glória e Marcelo...vou gritar de novo: quero mais! Tô adorando, Rafael. Bj

Vero J. disse...

Rafaelito!
Que lindo esses relatos de ¡Glória!...eu também estou adorando!...é a primeira vez que "comento", mas, eu asidua aos "alturas", me "toumo a escada"...que me leva a "passear pelo mais ...lindo dos teus céus"!.
Bjao.
Vero.

ediney disse...

teus contos-crônicas são muitos bons

raso

qual atalho, uma curva pro caminho do sossego - mas no fundo é raso; água bate no joelho nada - não é nada nunca foi tão fácil contud...