segunda-feira, 9 de março de 2009

"Onde estava, agora, a sua infância? Onde estava a alma que recuara suspensa do seu destino, para avaliar sozinha a vergonha de suas feridas e para em sua morada de sordidez e de subterfúgio governar por entre velhas mortalhas e grinaldas que murchavam ao menor contato? Ou onde estava ele?

Ele estava longe de tudo e de todos, sozinho. Ele estava desligado de tudo, feliz, rente ao coração selvagem da vida. Estava sozinho, e era jovem, cheio de vontade, e tinha um coração selvagem; estava sozinho no meio dum ermo de ar bravio, entre águas salobras, entre a colheita marítima de conchas, entre emaranhados e redemoinhos, entre claridades embaçadas de cinzento, entre figuras de crianças e de raparigas vestidas de alegria, e de luz, entre vozes infantis e joviais que enchiam o ar."

(Joyce, James / Retrato do Artista Quando Jovem)


3 comentários:

Adriana Godoy disse...

Esse trecho é rico em imagens e reflexões. Belo. James Joyce sempre vale a pena. Bj

glauberovsky disse...

rafael,
coloca lá no blog um texto explicando melhor seu sonho/videoclipe. tipo um roteiro, sei lá...é possível que seja usado pela gravadora. já pensou? dá uma lida no último comment velosiano. eita, minino...

GLAUBER

Anônimo disse...

Obrigada pelo comentário no meu blog, sem eles, a gente fica a deriva, não é?
Tive a felicidade de receber a indicação desse livro do Joyce. Aguardo o momento oportuno (me livrar de certas grades) para começar a ler de verdade (por enquanto só passei os olhos por algumas páginas). Poderíamos trocar figurinhas, Jonas tbm tem o livro, faríamos um "circuitão de impressões", o que acha?
Bjs,
Cynthia

raso

qual atalho, uma curva pro caminho do sossego - mas no fundo é raso; água bate no joelho nada - não é nada nunca foi tão fácil contud...