segunda-feira, 18 de agosto de 2008

calor invernal

Às vezes, quase sempre, não resta nada a dizer; mas mesmo assim se diz. No fundo toca uma bossa, sempre no fundo há uma bossa. Eu me afundando em travesseiros. A cada três dias com motivos para raspar a face, usando um barbeador que me machuca; qualquer barbeador me machuca. Está calor. Tenho que lavar as cuecas. Arrumar a casa. No máximo irei ao mercado comprar um miojo, dois, e devorá-los. Pão, água, leite, caju, miojo. As espinhas, claro, as espinhas; duas, uma seca numa das abas do nariz e outra bem vermelhinha na ponta. Para isso, acnase. Tinha que sair, não fui, não irei. Quero e não quero. Vou deitar em casa mesmo, contar histórias. Não resta mesmo nada a dizer. Voltei a ler isso hoje. É lindo, não é meu. Luz da sala que não acende. Luz do quarto que só fica em meia luz. Deixe estar, é bonito assim, a cara do domingo. Domingo de calor. Mas estamos no inverno. Sim, mas esse domingo é de calor, ele, o domingo, já está quase a ir embora, mas seu calor ficará. Só, sozinho, eu. Confabulando coisas, tentando ler e leio.

3 comentários:

Aline Miranda disse...

tentando ler, e leio... e escreve!
fiquei imaginando você aí, no domingo invernal, e abafado...

não resta nada a dizer...

Aline Miranda disse...

Quero ler o livro do Cony que vc indicou. Vc tem?Já leu?
beijão!

Cultura de Marte disse...

o calor é invernal e a vida mais que isso é como uma bola de neve ou de qualquer coisa que se pense desde que se tonre poesia e calor e nuvem e. Ih!

Adorei seu texto.
Abs

raso

qual atalho, uma curva pro caminho do sossego - mas no fundo é raso; água bate no joelho nada - não é nada nunca foi tão fácil contud...